Gabriel Damásio
Um homem acusado por pelo menos seis assassinatos cometidos em 2013 no bairro Santa Maria será julgado a partir das 8h desta terça-feira no Fórum Gumercindo Bessa, bairro Capucho (zona oeste de Aracaju). Alexandre de Jesus Santos, 25 anos, prestará contas no banco dos réus pela principal das acusações: a morte de José Renato Teixeira Santos, durante um atentado a tiros ocorrido em 4 de junho de 2013 na Rua da Paz, bairro Santa Maria (zona sul). Ele tinha 44 anos e estava a caminho do trabalho quando, de acordo com a acusação, foi atacado por Alexandre e outros cinco comparsas armados.
O genro da vítima, Taciano Luiz de Souza, também foi baleado e ficou ferido na ocasião. Por este crime, e com base nas investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, o Ministério Público denunciou Alexandre pelos crimes de homicídio qualificado, tentativa de homicídio e corrupção de menores - já que, segundo a polícia, um adolescente de 17 anos estava entre os atiradores identificados.
O réu foi preso em 12 de setembro do ano passado, no Santa Maria, e tentou esfaquear um dos policiais ao ser detido. "No momento da prisão Alexandre encontrava-se em sua residência e reagiu a determinação dos policiais, tentando atingi-los com uma faca de cerca de 40 centímetros, obrigando um dos participantes da operação policial a efetuar um disparo contra a perna do mesmo", disse na ocasião o delegado Antônio Sérgio Pinto, do DHPP. Desde então, ele está detido no Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan), em São Cristóvão (Grande Aracaju).
A prisão de Alexandre foi em cumprimento a dois mandados de prisão expedidos pela Justiça. Um deles se refere justamente à morte de Renato, cujo processo tramita na 8ª Vara Criminal de Aracaju. Na sentença de pronúncia expedida em 24 de abril deste ano, a juíza Soraia Gonçalves de Melo, da 8ª Vara Criminal, baseou sua decisão em provas apresentadas por depoimentos de familiares de Taciano, que apontaram Alexandre e o adolescente conhecido como "Cabeça" como autores do atentado que matou José Renato. E que o motivo do crime foi uma discussão entre o menor e o genro da vítima. Tal discussão terminou com uma ameaça de morte feita por "Cabeça".
"Neste aspecto, as circunstâncias depreendidas da prova testemunhal produzida demonstram que o crime praticado contra a vítima Taciano Luiz de Souza foi cometido por motivo fútil, decorrente de uma discussão anteriormente havida entre ele e o menor; assim como de forma a dificultar a defesa por parte das duas vítimas, já que foram perseguidas por pessoas em motocicletas", escreveu Soraia. Ela acrescenta que uma segunda testemunha "afirmou em Juízo ter visto pelas imagens das câmeras de segurança quando passaram duas pessoas correndo de bicicleta, perseguidas por três motocicletas, cada uma com duas pessoas e algumas delas usando capacete".
Ainda conforme a pronúncia, a defesa do réu reservou-se ao direito de apresentar suas alegações em plenário, durante o julgamento. Na fase de instrução do processo, Alexandre negou ter cometido o crime. O adolescente "Cabeça" também foi apreendido na ocasião e cumpre medida socioeducativa no Centro de Atendimento ao Menor (Cenam).
Outro júri - O segundo mandado de prisão cumprido contra Alexandre foi expedido pela 5ª Vara Criminal e se refere à morte do aposentado Carlos Chagas dos Santos, ocorrida em 17 de agosto de 2013 no conjunto Valadares, também no bairro Santa Maria, em uma comunidade conhecida como "Suvaco da Gata". Na última sexta-feira, o réu também foi pronunciado, em decisão tomada pela juíza da 5ª Vara, Olga Silva Barreto. A data do julgamento ainda não está marcada, a acusação será por homicídio duplamente qualificado.
Igualmente baseada nas investigações da polícia e nas provas testemunhais, a denúncia do MP aponta que Alexandre matou Chagas com vários tiros, depois que a vítima impediu um adolescente de furtar capim do sítio de sua propriedade. "(...) em relação à autoria do crime imputado ao acusado Alexandre de Jesus Santos, restam indícios concretos, posto que houve discussão entre a vítima e o réu Alexandre de Jesus Santos, com relação ao capim furtado pelo acusado, da propriedade da vítima Carlos Chagas dos Santos. (...) a vítima Carlos Chagas, estava voltando do sítio (local onde colhia o capim para os animais) quando foi abordado pelo acusado e seus companheiros", escreveu Olga.
Também foi citado nos autos que Alexandre já teria discutido com parentes do idoso, depois de ter possivelmente ter furtado capim e um cavalo da propriedade da vítima. A magistrada considerou ainda que, ao atirar contra o aposentado, à época com 66 anos, o réu não lhe deu nenhuma chance de defesa, "uma vez que existem indícios suficientes de ter sido o ofendido surpreendido pelos acusados, no momento em que foi atingida por disparos de arma de fogo".
A polícia também acusa Alexandre de praticar, um dia antes da morte de José Renato, em julho de 2013, tentativa de homicídio também no bairro Santa Maria, na qual três pessoas foram feridas a tiros. Pesam também alguns crimes ligados ao roubo e ao tráfico de drogas no Santa Maria. Se condenado no julgamento de terça-feira, o réu pode ser condenado a até 45 anos de prisão.
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