terça-feira, 22 de julho de 2014

Crianças de Itaporanga: Laudo desmente versão do pai e conselheiro tutelar

Questionado, conselheiro mudou a versão contada quando o caso veio à tona.
Por: Thamires Fonseca/ JornaldaCidade.Net
Foto: Jadilson Simões/ Equipe JC
O episódio que teria ocorrido em 2012 veio à tona nos últimos dias e ganhou repercussão não só em Sergipe e Alagoas, mas em outros estados brasileiros. O caso de quatro crianças entre seis e 11 anos que teriam sido abusadas sexualmente e estariam envolvidas em uma rede de pedofilia na cidade de Itaporanga D’Ajuda passou a ganhar outros rumos após o início da participação da polícia sergipana. O laudo médico que poderia comprovar o caso de abuso, na verdade, desmentiu a versão do pai das crianças e do conselheiro tutelar que fez a denúncia. 

Há sete dias a delegacia de Itaporanga passou a investigar o suposto crime e, mesmo antes da conclusão do inquérito, já apresentou algumas incoerências percebidas em meio a depoimentos e laudo médico. De acordo com a delegada Mariana Amorim, o laudo que chegou até Sergipe não aponta qualquer abuso sexual envolvendo penetração. Além disso, a mãe das crianças não tem passagem pela polícia, como foi afirmado pelo pai e pelo conselheiro tutelar anteriormente. 

“A denúncia feita não foi comprovada, pelo menos até o momento. Não podemos apontar uma conclusão, o caso ainda está sendo investigado, depoentes ainda estão sendo ouvidos. No entanto, várias pessoas da cidade já foram ouvidas e nenhuma delas apontou qualquer sinal de que a mãe pudesse estar envolvida neste suposto crime de pedofilia, mas é preciso ter cautela ao apurar este tipo de situação. Não podemos ainda apontar um possível culpado”, destacou Mariana. 

De acordo com a delegada, as meninas têm ainda dois irmãos mais velhos, fruto de um outro relacionamento, que afirma que sempre foram bem tratados pela mãe, não deixando evidente que a mesma pudesse estar envolvida no crime. “A delegada de Alagoas não confirmou as orgias sexuais, mas sim um abuso por parte do padrasto. O pai e o conselheiro confirmam o que vem sendo veiculado, mas nada se comprova. O que podemos confirmar é que não houve estupro. Ouvimos a mãe das meninas e ela negou as acusações e chegou a afirmar que teve um relacionamento bastante tumultuado com o pai das filhas, tendo inclusive um forte histórico de violência física comprovado por registros anteriores na delegacia”, frisou a delegada. 

A superintendente da Polícia Civil, Katarina Feitoza, ressaltou que é preciso apurar a questão com bastante cuidado, já que toda a exposição faz mal para as crianças. “É importante que se frise que são crianças. Temos que ter cuidado para não vitimizar ainda mais as crianças. O que a Polícia Civil de Sergipe está afirmando, até o momento, é com base em um laudo do IML de Alagoas. Foi feita a pergunta ao perito se houve violência sexual e ele respondeu que não. O que estamos afirmando é que vamos apurar um fato de um suposto abuso sexual, se isso aconteceu ou não somente no final o inquérito poderá dizer”, destacou. 

Versão modificada 

Após os esclarecimentos prestados pela Polícia Civil de Sergipe, o conselheiro tutelar de Alagoas, Fernando da Silva que, incialmente denunciou o caso ao veicula-lo na imprensa, disse que não houve penetração, de fato, mas sim um abuso sexual evidenciado no laudo como “ato libidinoso”. Além disso, o conselheiro ainda afirmou que elas tomam remédios até hoje por conta de uma bactéria e não mais de DST (Doença Sexualmente Transmissível) como antes foi dito.

A delegada Mariana Amorim destacou que, durante as investigações, foi-se levantada a suspeita de que o pai das meninas e o conselheiro tutelar são parentes, mas, esse fato ainda não foi provado. Questionado sobre isto, Fernando negou qualquer envolvimento familiar com o pai das crianças. “Eu o conheci no dia em que ele me procurou para relatar o caso. Nunca o tinha visto antes e nem sei onde ele mora”, frisou. 

Segundo o conselheiro, assistentes sociais acompanharam todo o processo e foram elas que se dirigiram até a casa do pai. Ainda de acordo com Fernando, ele duvida que as meninas tenham sido induzidas a mentir. “O que o pai delas ganharia ao conseguir que a mãe das meninas fosse presa? Não acredito nisso, até porque eu vi o estado em que elas fizeram o relato das agressões sofridas. Se essa indução fosse comprovada, aí eu poderia dizer que o pai é extremamente manipulador, frio e calculista, mas não é o que vejo até agora”, ressaltou. 

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